10 de julho de 2010

O depois.

Esqueci friamente de mencionar o rasgo no joelho que fiz ao sair do poço.Na hora nem senti direito a dor,só o sangue escorrendo e sujando minhas pernas e sapato.
Pareceu-me engraçado a forma como o sangue escorria e o machucado,que não era tão grande assim,mas que me fez deitar no chão e apreciar aquele rasgo.
Todo machucado dói muito,mas reparem que machucados especialmente em juntas dói mais,acho que é porque a pele é mais grossa,demora mais para rasgar,não sei.
Pensei também em como aquela feridinha ficaria dias depois.Aquela casca grossa e marrom que estancou o sangue,mas que ainda dói um pouco...Inevitável imaginar certas coisas caro leitor.Digo isso porque a noite depois que sai daquele poço foi a pior coisa que me aconteceu.Vi mais coisas do que gostaria e sentia cheiros e gosto.Terríveis!
O cheiro era de um cheiro doce e quase inexistente.Digo que aquele cheiro foi fruto de minha doce imaginação,que aquele doce é incapaz de existir.Se existir,digo que é a mistura de todos os açucares extremamentes doces e quentes.Dá nojo.
O gosto por sua vez era amargo e um pouco salgado.Salgado daqueles que aumenta a pressão mais equilibrada e normal.Não gostei.Cuspi lentamente e limpei a língua para ver se aquele gosto saia,mas a noite estava apenas começando.
Foram 10 horas de pura agitação em um corpo que mal conseguia se mexer.Pesadelos constantes e rostos insuportáveis invadiram meus sonhos enquanto eu tentava me livrar de tudo aquilo que era ruim dormindo.Sequestros,armas,pessoas mortas e alguém que amo muito.Rostos enjoativos e pequenos vícios que vinham em minha direção cumprindo seu doce papel de te tentar até você seda um pouquinho.
Doce vício esse!Fica ainda mais difícil para mim me ver livre,porque sinto ainda mais suas mãos em minhas canelas me puxando e esfregando seu produto em mim.Chego sentir nojo,mas o que fazer numa situação dessas?Lembro que no sonho chamei a polícia,mas aqui,no máximo me receitariam alguns remédios e alguns tratamentos com médicos especialistas.
Ora,quem diria?!
E então o dia seguinte.
Nariz livre e enorme,olhos pequenos e inchados,corpo pesado e sem nada dentro,cabeça alta com um tilindar constantes de pensamentos.Como se estivessem a muito tempo presos e do nada resolvessem se soltar,de uma vez.
Se é assim que as coisas acontecem,digo que isso é um porre,dos piores possíveis.
Sem bebidas e sem nada viciante nas mãos,resolvi que hoje abandonaria algumas coisas,começando pelo Livro de Outrora.
Sim,no sábado um novo recomeço.Que o poço permanessa no mesmo lugar,um dia eu posso precisar voltar e,quem sabe,deixar para trás certas coisas.

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