28 de julho de 2010

Justificativa

Havia um bebê, um companheiro, um baile dos ex-alunos, bebidas e muita sacanagem no ar.
Sophia carregava em seus braços o pequeno peso de 5kls de um bebezinho lindo, fruto de um relacionamento seu que afundaria de vez nessa noite.
Andou pelo baile, com seu vestido berinjela invejando a todas as mocinhas que passavam por ela e não tinham o farto que ela tinha;18 anos,com um bebê de 5 meses e um namorado que não se importava mais com nada,a não ser a aparência boa que o tempo havia lhe dado.Sophia não estava na faculdade como suas colegas do colegial,e isso fazia muita diferença para ela.Um ano a mais sem o diploma e sem as aventuras da faculdade.Sem trotes,sem amigas,sem fotos no banheiro,sem nada que um dia quis ter,esqueceu de ser cautelosa a uns meses atrás...
Foi ao banheiro e enxergou uma pessoa nova e triste. Cabelos curtos, pele lizinha e algumas lágrimas. Chorou ali mesmo sem se importar com o resto todo perfeito que estava lá fora. Sentiu-se mais do que nunca sozinha, sem ninguém. E era triste de se ver e admitir, mas Sophia era eu naquela noite!
Lembro que depois de chorar muito, sai do banheiro e fui à procura do meu namorado para que pudéssemos ir embora e conversar um pouco. Ele, na minha vida, era única coisa sólida que eu tinha. Bem, não sólida, mas dividíamos algumas coisas, e nesse momento eu queria conversar.
Procurei por todos os cantos, passei pelas belas e mimadas da turma e então o encontrei conversando com alguns meninos da época. Eles continuavam com a aparência ridícula de um nerd idiota, falavam besteiras como se fossem sair pegando todas as meninas do salão... Era patético ainda, mesmo depois de tanto tempo.
Achei o tal, e ele me ignorou como se eu tivesse alguma coisa nojenta nos dentes. Sabia que eu estava cansada e que o bebê precisava ir para casa, mas continuou conversando e rindo com aqueles. Foi quando me zanguei de vez e fiz minha cena. Fui à sala de aula, peguei meu bebê, minha arranhada aliança e me despedi dramaticamente dele e então parti.
De lá para cá, sigo cuidando do meu bebê e me recordando daquela noite toda vez que vejo luzes coloridas e jovens gritando. Acho que a vida teria sido mais generosa comigo se eu soubesse ser mais decidida e melhor resolvida em várias questões. Mas isso, eu nunca saberei...

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