Bati a porta de entrada atrás de mim. Me livrei das amarras do dia a dia tirando o sutiã e soltando o cabelo do coque. Minhas pernas doíam, pois peguei pesado na academia. Mas nada, nada comparado ao buraco imenso que eu sentia no meu peito.
Não acendi nenhuma luz, não chequei ligações perdidas no telefone fixo e não abri nenhuma correspondência. Abri a geladeira e me servi de uma bebida que, embora fria, esquentaria meus ânimos.
Sentei perto da varanda e observei a cidade escura e acesa, como sempre faço. Olhei a cidade com carinho, com amor e me senti mais sozinha do que nunca. É certo que eu havia saído de uma festinha com centenas de conhecidos e alguns amigos queridos, mas voltei pra casa sozinha, vazia e isso já havia perdido a graça, o "clichê" da situação a muito tempo.
Tomei meu drink, chorei compulsivamente, e a cada lágrima que caia de mim eu sentia o peso dos anos que passaram e das vezes que eu "me deixei pra lá". "Hoje não", eu dizia. "Amanhã eu ligo, depois respondo". Acabei sozinha.
E tão sozinha que se pudesse, nem eu mesma estaria aqui comigo.
Chorei mais ainda, quase sem fim e até esgotar tudo que eu sou e sentia.
Me perdi, me esqueci.
Tomei meu ultimo gole sem ter respostas e sem me sentir melhor. Mais um dia, ou menos um dia?
Acho que jamais saberei...
9 de julho de 2014
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