30 de abril de 2011

Prometeu mais uma vez seguir sem olhar para trás.
Quantas vezes já havia feito a mesma promessa e nunca a cumpriu?
Dessa vez tinha sido diferente,e embora ela sentisse o estômago pular para fora,as mãos já não tremiam,e o coração disparou,mas voltou ao ritmo normal depois que a adrenalina passou...
Passou mesmo?
Por que essa vez era diferente de todas as outras?As palavras e os gestos eram os mesmos,sem maiores novidades,apenas um tabuleiro de um só,sem cadeira para os demais.
Mas,quem estaria disposto a esquecer os caprichos e deixar para trás os mimos e as coincidências mais banais do mundo?
Se dissesse que era falta de qualquer outra atividade,estaria mentindo.E mentia para si,não esquecera,nem esquecerá jamais,são coisas da vida!


(...)


Mas eu,ah,eu nunca estive em suas fotos e nunca dividi com você um copo de vinho.
Talvez não tivesse saco para isso,tinha muito coração...

27 de abril de 2011

fazer você sorrir

Você me olha nos olhos e diz a verdade, sente aquele frio na barriga, mas sempre acaba soltando aquele risinho, quando eu diminuo o olhar e faço cara daquele tal animal que gosta mais de carne do que a onça. Eu acredito em você, mesmo você não conseguindo ficar sério por muito tempo. Acho que estranho seria se você não sorrisse...
Quando eu choro, você não se desespera, e diz coisas boas e tão fáceis que minhas lágrimas caem ainda mais. Já esqueci toda a tristeza, agora me sinto uma tola.
Você me abraça e eu te mancho com água ou batom, você escolhe.
Você para o mundo, e me carimba com o seu cheiro. Pura tortura, mas eu gosto, e você sabe...
Ainda visitaremos Madri (sem a minha vontade) e iremos comer muito na França, antes de terminar o tour em Las Vegas, baby!
Eu amo você, e amo mais ainda quando você sorri, simples e verdadeiramente para mim...

22 de abril de 2011

Anything

Sentou no para-peito da janela e admirou a lua que se escondia por trás das nuvens naquela noite,que deveria ser de outono.Não bebeu nada como de costume,e nem deixou-se abater pelo blues que tocava de fundo.Era feriado,e apenas os gatos estavam em casa,na rua.
Ela adorava metáforas e dava exemplos usando uvas e a luz do sol.Não era maluca,mas sabia que a sanidade não era o seu forte.Alias,ela nunca encontrara alguém que a fizesse mudar de ideia.Não precisava de muito,e o pouco que tinha a fazia admirar a lua em noite de feriado e imaginar o futuro...
Queria mesmo era poder esfregar as nuvens da bola branca e enxergar com mais nitidez o que vinha pela frente.Tinha pressa,mas a pele ainda quente a acalmava e a tirava de toda aquela loucura.
Dava tristeza quando uma nuvem maior vinha e acabava com aquela luz natural.Ela voltava a cabeça para baixo,e até sentia uma,ou três lágrimas escorrerem gelada para o canto da boca.
Não devia nada,e mesmo sentindo medo ela deixou estar.Estava escuro,a cidade estava vazia e a noite e sua pele estavam quentes.Nada de mais poderia acontecer.Pensou em mais uma metáfora e tudo bem,qualquer coisa valeria então...

16 de abril de 2011

Do contra!

Usa calça jeans,camisetas e blusas largas.Não se preocupa com maquiagem e a vaidade é colocada de lado de segunda à sexta a tarde.
Sono não está na sua lista de prioridade.Ou está?Dorme pouco,e quando pode dormir não dorme porque está sassaricando por ai fazendo qualquer coisa.Deve ser por isso,principalmente,que seu signo é macaco no horóscopo chinês.
Ela não come comida japonesa.Acha aqueles pratos nada apetitosos e usa um trauminha com brigadeiros para não experimentar o tal peixe cru e as algas.
Não rotula mais o pior e o melhor e isso irrita muito.Fez um trabalho em grupo durante a semana e falou demais,tanto que se tornou de esquerda.Pobre menina difícil de lidar,né?
Ela não usava dourado,e vivia cuspindo para o alto em relação a coisas do cotidiano.Não subestimava a si própria,mas duvidava de certas capacidades,de certos dons,tal aquele de não ter nenhum.
Achava que a inteligência não era válida se a pessoa não era esperta.Odiava mentiras mal contadas.Na verdade ela se chateava pela má explicação do que pela mentira.
Ela queria e não fazia,falava e não voltava atrás.Não sabia o que era passar vontade e a consciência pesava se ela ia contra o que o corpo gritava.Nunca aprendeu a rir baixo,mas sabia calar quando era preciso.Gostava de falar pelos cotovelos,mas aprendeu a guardar segredos,sem revelá-los a ninguém.
Não escondia nem a menina nem a mulher.Fazia um misto e se tornava diferente do padrão.Báh,padrões,regras!
Ela sempre foi do contra,e sabia que se em terra de cego quem tem olho é rei,ele não duraria muito tempo governando.Alguém furaria imediatamente seus olhos.

11 de abril de 2011

7º andar

O ar estava de novo ligado e a agitação nesse andar tão calmo me pareceu estranha.
Uns meninos faziam bastante barulho e chamavam aquilo de trabalho.Eu entendi qual era a deles,e não dei sopa!Rodeei o lugar mais um pouquinho,disfarcei até que cheguei ao lugar desejado.
A sala era do jeito que eu queria e precisava.Os meninos agora riam alto,mas não me atrapalharam.Eu simplesmente me ajeitei aqui e ali e consegui achar o jeito certo,dormi.
Não lembro direito o que aconteceu.Achei que estava consciente,mas realmente só voltei à mim quando uma mensagem qualquer no celular fez muito barulho.
Uuurg!
A chuva caia lá fora e eu ouvi alguém mexer num molho de chaves e falar sobre o arco-íris...
Perdi mais uma vez a tal das sete cores.Quantas vezes já as perdi?
Coloquei na cabeça que dessa vez tinha sido por um motivo diferente e bom.Valeu a pena,ainda vale,né?

7 de abril de 2011

Parque,park

(...)

-Como você me pediria em casamento?

A pergunta surgiu no meio da multidão,disputando atenção com os carros e um senhor que anunciava o fim do mundo.
Andavam de mãos dadas,se mordiam e riam das saias mais curtas e das perninhas mais grossas.Sentiam o frio do Outono esvoaçar os cabelos e fazer gelar os braços.

Ele passou o braço por sua cintura,e fingiu não ligar para a tal pergunta que quase se perdeu pela cidade.Ela abaixou a cabeça e sentiu a mão dele apertar a dela.Eles pararam de frente um para o outro,e ele não disse nada,apenas a olhou.
Pareceu que não precisaria fazer nenhum pedido mais formal,pois naquele dia,com o vento geladinho do outono,e o fim do mundo próximo,eles disseram sim,e a cidade inteira parou para contemplá-los...

5 de abril de 2011

Dor nas costas

Um dia antes do aniversário de 46 anos,ela inventou de sair para dançar.
Dançou a noite inteira,embora sentisse os sapatos de bico fino apertar e os joelhos travarem.
Voltando para casa,ela se lembrou de um filme em que o rapaz carregava o espírito da namorada morta e perturbada nas costas.
Sentiu-se então mocinha;as costas doiam como nunca,e o medo daquele filme de terror dos anos 60 ainda a arrepiava a espinha...

1 de abril de 2011

Carta

Me encontra aqui,exatamente onde eu lhe escrevi a primeira carta,onde tudo começou.
Se você tiver esquecido o caminho,eu sussurro as palavras e deixo meu perfume no ar.
Você ainda lembra de mim,não é?
Deixa essa raiva de lado e vem pra mim,te quero bem.Para de falar e começa a ouvir seus próprios conselhos.Me deixa livre,me deixa esquecer,mas não pare de lembrar de mim.
Há coisas minhas em você,mais do que você imagina.Não para,não pare e não esqueça!
Pega tuas provas e vem de encontro a mim.Você sempre soube onde me encontrar.E mesmo quando não estou debaixo dos teus olhos,continuo dominando seus pensamentos,controlando seus batimentos e até a sua respiração.
Você dorme,acorda e procura minhas cartas,meus rastros.Procura ver se rezei por você na noite passada,com quem eu andei bebendo ao som da nossa dança.
Você faz mix de sentimentos e tenta dar nomes a eles,mas sempre acaba citando meu nome.Nunca foi em vão e isso é o que te deixa pior.
Somos melhores que tudo isso...
E não demora,talvez já não tenha mais todo o tempo do mundo...