10 de agosto de 2017

Última Vez

Eu me lembro da primeira vez que eu me vi refletida no olhar dele, de ver minha cabeça maior que meu corpo, de ver minha pele misturada naquelas três cores que só eu via.
Eu lembro do brilho no olhar dele. Aquele brilho tão verdadeiro que te faz chorar, sabe?
Tem noção do que é alguém te olhar com tanto brilho sendo capaz de iluminar cada cantinho da sua alma, cada dúvida e transformar cada NÃO que você tinha em SINS verdadeiros?
Eu lembro da nossa primeira vez, da bagunça que foi, do quão felizes e adultos nos sentíamos.
Eu lembro da primeira vez que fomos ao cinema, a primeira vez que choramos juntos, da nossa primeira briga, da nossa separação e, principalmente da primeira vez que eu achava que não o amava mais.
Eu ainda lembro de como me senti quando saí sozinha sem ele pela primeira vez num final de semana.
Eu lembro das noites sem dormir, do quanto chorei, do quanto cresci e aprendi.


Mexendo ainda mais fundo nessas memórias, eu me lembrei daquele moço do Nariz Perfeito, de como eu amava o cheiro dele, a risada dele, as noites em claro conversando e falando sobre a vida, os astros, os casos.
Eu lembro que eu também me via naquele olhar, mas que não era nada tão profundo como naquele primeiro caso...
Eu lembro que sabia que não duraria muito.
Eu lembro que fui muito feliz, que sorri e que chorei.
E então eu fui embora...

Hoje em dia, eu fico me questionando se essas "primeiras vezes" na verdade não foram "últimas vezes". É certo que cada pessoa é um universo diferente e as coisas não se repetem e se comparam.
Mas, você já parou pra pensar, (ou tem esse medo bobo (?)) que a primeira vez que você amou alguém e viveu essas coisas maravilhosas pode ter sido, na verdade, sua última vez?

Eu fico pensando neles e em mim. Me sinto cansada só de pensar que eu nunca mais posso me refletir no olhar de alguém ou ter aquela sensação gostosa que amo de pertencer a alguém e a alguma coisa.

Talvez pela primeira vez esteja tendo essa sensação.
Tomara que passe, e que só dessa vez, seja pela última vez.

14 de fevereiro de 2017

O Nariz Dele

Você alguma vez já se apaixonou pelo nariz de alguém?

Eu já me apaixonei muitas vezes ao logo dos meus 25 anos.
Eu já me apaixonei por olhos, perfumes, cabelos, barbas, pênis... Mas nunca pelo nariz. O nariz dele mexe comigo até hoje...

Eu acho que me apaixonei e o amei. Me apaixonei pela harmonia do desenho dos seus olhos, lábios e nariz. Me apaixonei pela forma como ele usava o perfume que eu gostava só para me impressionar. Pelo jeito que ele acordava e por Deus! Até quando ele estava mal humorado.

Eu lembro da primeira vez que o vi. Eu lembro do quão nervosa eu estava e da certeza e confiança que eu tinha em saber que seriamos um casal. E com essa mesma certeza, eu sabia que minha estadia com aquele nariz perfeito seria bem breve.
Leve.
Confesso que a vida ao lado dele era fácil. Que o tempo era delicioso de ser vivido, e que os amanheceres dentro do carro eram as coisas mais gostosas que eu tinha.
Mas infelizmente não éramos os únicos narizes metidos nessa história. E apesar de eu crer que teríamos filhos lindos, com traços perfeitos, nossa viagem chegou ao fim.

Eu me despedi dele, fiz promessas e agradecimentos.

Quase meio ano depois, eu fiz o que tinha que fazer e segui a minha vida. Bares, baladas, carnaval, cinema sozinha, conversas que não dão em nada...

Eu sinto tanta saudades dele. Mas com certeza, não mais do que seu nariz perfeito...

15 de janeiro de 2017

Eu lembrei deles...

Foi numa dessas conversas aleatórias sobre coisas estranhas que a gente já fez algum dia.
Tão natural, que até cheguei a lembrar fielmente das cores dos quartos, dos cheiros, das reações deles.
E é estranho que nessa lembrança tenham duas pessoas. É engraçado, porque eu nunca pensei neles assim.

Que bom que a gente vive certas coisas sem pensar que um dia elas podem acabar, né?

Eu lembrei deles.
E confesso que boa parte de mim quis ligar e fazê-los relembrar sobre esse dia que também foi gostoso pra mim.

Deu uma saudade louca.

Será que eles, às vezes, como quem não quer nada, ainda lembram de mim?

1 de dezembro de 2015

Phanie Things

Acho engraçada a maneira como você vem me visitar mostrando que está tudo bem, tudo nos conformes.
Você ainda é minha melhor transa, minha maior intensidade. Sinto falta dessa sintonia.
Mas não sinto falta de você, entende? Acho que se você tivesse ouvido meus conselhor de "hey! Vamos apenas ser bons amigos", acho que o melhor de nós não teria se perdido, se desvalorizado.
Eu gostaria de saber como você anda, se as provas de cálculos andam tão absurdas como antes, e se sua mãe ainda faz penteados estranhos e seu pai continua marrento.

É engraçado e desesperador ter a certeza de que não somos mais nada um para o outro. Talvez uma lembrança despercebida e uma risada descontrolada ao ver o E de extintr nos estacionamentos por ai.

Talvez eu também faça falta. Acho que nunca saberei. Mas, se não for pedir muito, vê se da próxima vez que aparecer, dê pra trazer aquelas risadas, aquelas conversas e aquelas cores brilhantes nos olhos. Seria bom ter o melhor de nós reunido. Seria engraçado...

9 de julho de 2014

De mim.

Bati a porta de entrada atrás de mim. Me livrei das amarras do dia a dia tirando o sutiã e soltando o cabelo do coque. Minhas pernas doíam, pois peguei pesado na academia. Mas nada, nada comparado ao buraco imenso que eu sentia no meu peito.
Não acendi nenhuma luz, não chequei ligações perdidas no telefone fixo e não abri nenhuma correspondência. Abri a geladeira e me servi de uma bebida que, embora fria, esquentaria meus ânimos.
Sentei perto da varanda e observei a cidade escura e acesa, como sempre faço. Olhei a cidade com carinho, com amor e me senti mais sozinha do que nunca. É certo que eu havia saído de uma festinha com centenas de conhecidos e alguns amigos queridos, mas voltei pra casa sozinha, vazia e isso já havia perdido a graça, o "clichê" da situação a muito tempo.
Tomei meu drink, chorei compulsivamente, e a cada lágrima que caia de mim eu sentia o peso dos anos que passaram e das vezes que eu "me deixei pra lá". "Hoje não", eu dizia. "Amanhã eu ligo, depois respondo". Acabei sozinha.
E tão sozinha que se pudesse, nem eu mesma estaria aqui comigo.
Chorei mais ainda, quase sem fim e até esgotar tudo que eu sou e sentia.
Me perdi, me esqueci.
Tomei meu ultimo gole sem ter respostas e sem me sentir melhor. Mais um dia, ou menos um dia?
Acho que jamais saberei...