27 de outubro de 2010

Melhor do pior

Depois de esperar por um final trágico e emocionante,ver as viagens,os garotos e aquele sítio cair num buraco sem volta,eu prometi não mais classificar as pessoas,aqueles meu amigos.
A minha ideia de "melhor" na amizade era assim:Nós éramos iguais no jeito,nas palavras.Falávamos às vezes juntas e nem precisávamos abrir a boca para saber o que se passava.Tínhamos códigos,toques,e manias que ninguém mais além de nós e do nosso grupinho entenderia.Dormíamos juntas,vivíamos grudadas.Comíamos as mesmas coisas e planejávamos festas gigantescas.Achávamos que no nosso mundo,nada poderia ser melhor,nada poderia acabar com o que era verdadeiro e nosso.As coisas mudaram...
Os meninos das fantasias,acabaram virando realidade e destruindo com aquilo que era exclusivamente feminino e perfeito,a amizade.
Tudo antes ficaria bem se ela se apaixonasse pelo mesmo garoto que você,ou se você ficasse com o menino dela,só para curtir.Nada seria mais grave do que um coração gritando apaixonado,pela primeira vez na vida das melhores...
Os dias passam,e de repente a melhor,se torna o melhor.As saídas agora são diferentes,o papo é outro e você acaba perdendo aquele vinculo que tinha antes com as melhores.
Não sei se isso acontece porque o tempo passa e as ideias acabam mudando.Eu sinto falta das tardes,das conversas e do "nada" que a gente fazia junto.
Agora,é engraçado meu modo de ver as pessoas.Já não tenho mais alguém para ficar o dia todo comigo de pernas para o ar.Às vezes me pego sozinha querendo conversar e reparo que não há ninguém na sala,no telefone.
A verdade é que,talvez seja injusto classificar alguém como melhor.Pior ainda é descarregar essa responsabilidade em cima de alguém que talvez nem te veja da mesma forma.Não tenho mais melhores amigos,e sim pessoas melhores ao meu lado.

25 de outubro de 2010

...

-O resultado saiu,deu positivo...
-Parabéns,mais um passo,mais uma vitória na sua vida.Estou muito feliz por você!Você merecia!
-É...talvez eu mereça mesmo,obrigada.
-Não vi você chorar nem gritar de alegria como fez antes.Não vejo felicidade em seus olhos...
-Não tenho certezas,não tenho nada nas mãos.
-Você tem a mim!
-Sinal maior de que não tenho nada!Não tenho minhas mãos fechadas e seguras.
-Mas amar não é ter domínio.Amar é fechar os olhos e esperar que as coisas aconteçam com os sentidos,sem esperar algo totalmente concreto,seguro.
-Não falo de amor...
-Fala de que então?
-Cansei de dormir todos os dias e ter os mesmos sonhos.Cansei de acordar triste e ter certeza que meu dia será igual ao anterior e idêntico ao amanhã.Perdi o autocontrole,quero minha vida de volta.
-Posso seguir junto com você?
-Você faz parte do sonho,do "todo o dia".
-Isso significa que estamos acabando?Você sabe que eu não voltarei atrás se essa for sua decisão.
-Sei!
-E então...
-Faça o que achar que tem que fazer,me comunique se achar que deve.
-Você não liga?Você não me ama mais?
-Sempre te amei,ainda te amo e para sempre vou te amar.Só que ao abrir minha mão,eu deixei meu coração voar,viajar sem tempo exato de volta.
-Eu...
-Também gostaria de sentir algo agora...



(Querido diário otário - Linhas tortas - Dezembro de 2008)

Dona Glória.

Dona Glória é amiga da família.Uma costureira de mão cheia,que me dava balas e doces como ninguém!
Ontem,depois de muito tempo,a encontrei quando já ia embora da casa da minha vó.Ela não mudou nada,parece que parou no tempo.O mesmo timbre de voz,o mesmo cheiro gostoso de linhas e "dama da noite",o mesmo tom e cabelo,a mesma estatura e se duvidar o mesmo peso.Dona Glória continua sendo vó,uma imagem meio distorcida de uma vó,que se não fosse a minha Eva,eu ia gostar muito de ter.
Nós nos abraçamos muito.Ela,por sua vez,disse que eu estava mudada,bonita e que estava mais do que nunca parecida com minha mãe.Eu a olhei através dos óculos antigos e a lembrei de um pijaminha que ela me deu quando eu tinha meus 6 aninhos.O pijama,(que ainda existe)é laranja com babadinhos e um peixinho no cantinho.Na época ficava grande demais.Hoje em dia,esse tal pijama parece até uma pequena fantasia,se olhar bem...
Nunca vou me esquecer dos vestidos que ela costurava para mim,dos doces gostosos,das bolachinhas caseiras e daquele quintal gostoso com uma árvore no meio e algumas engenhocas.Dona Glória será eterna,não importa o que aconteça.

21 de outubro de 2010

Feliz,hoje e sempre!

Amanhã já está quase chegando,e como sempre eu quis me adiantar e falar um pouquinho de você,sobre esse dia.
De acordo com a nossa matemática, nos conhecemos a mais ou menos sete anos.Desses sete,estamos juntos a quatro anos e nove meses e namorando a um ano e nove meses.O tempo realmente voa quando eu estou do seu lado,é inevitável!Ainda assim, mesmo com tanto tempo, mesmo sendo meio descuidada e não medindo as palavras na hora de falar, eu ainda travo na hora de escrever sobre como me sinto quando estou com você.
Eu ia começar dizendo que te amo que você me faz feliz e todas aquelas coisas, mas resolvi fazer uma breve retrospectiva do que foram esses quase quatro anos com você.
Você era estranho ainda quando fez seus quinze anos. Ainda era gordinho, orelhudo de cabelos lisos e quase grandinhos como os de hoje. Era maior que eu, fato!Me olhava com tremenda paixão nos olhos e segurava minha mão como ninguém.Sem contar a sua blusa ma-ra-vi-lho-sa que eu tanto amava vestir para...Bem,você sabe o porquê!Também foi nesse ano que nós demos nosso primeiro beijo...E claro!Sem contar da super festa que você deu e não me chamou.Mas tudo bem,mesmo tendo sido a muito tempo atrás,essa eu não vou te perdoar!
Com dezesseis,você começou a virar bonequinho de livro de ciências.Aqueles que mostram a evolução do corpo sabe?Você é o rapaz,nem adolescente,nem adulto ainda.Já estava mais charmoso,começou a ter alargador,foi ficando mais cabeludinho e bem mais magro que o Mú de antes.Se tornou meu melhor amigo,meu verdadeiro amor.Você sempre esteve comigo em todos os momentos,principalmente nas conversas ao telefone virando a madrugada...
Aos dezessete,ah,minha perdição!Finalmente começamos a namorar.(Lembrando sempre que quem fez o pedido fui eu!)Nunca vou esquecer de como me diverti com você num dia 30 de Janeiro...
Com dezoito, bem, você cresceu e agora já até dorme em outra cidade sem ninguém por perto.Teve que aprender a se virar sozinho,a dar nó na gravata e a dormir com a espaçosa da sua namorado.

Ai agora você inventou de fazer dezenove anos...
Puxa Mú,você não mudou em nada!Ainda é aquele mesmo menino de olhos verdes que me conquistou,que pega na minha mão e diz que as coisas vão ficar bem,mesmo quando até você sabe que não vão.Ainda me olha nos olhos com ternura,e deita no meu colo quando não ha mais saída alguma.Ainda é aquele menino diferente,com um coração enorme que eu me apaixonei.Isso,é o que me faz ter certeza de que você é o certo,sempre!
Obrigada por tudo que você é para mim.Por tudo que você me ensinou,por todos dias,por todos os momentos,por tudo que você me ofereceu.Namorar com você,é a melhor coisa que eu já fiz eu toda a minha vida,pode apostar!

Bom,e enfim o esperado!
Parabéns Mú,que nesse dia tão especial,você possa estar cercado de coisas boas,de carinho e pessoas que realmente gostam de você.Você merece tudo,e muito mais.
Eu amo muito você Muzão,pra sempre!

P.S. Seu presente-perfume te espera aqui junto com seu bolo de cenoura especial de aniversário.E claro,eu.

20 de outubro de 2010

Consegui então dormir depois de todo aquele reboliço com raiva e lágrimas.Não deveria ter ouvido 'Ponto de Paz',nem 'Preciso Parar' várias vezes seguidas no dia.Me senti num filme sendo filmada,não foi legal!
Meu maior problema é nunca ter paciência,nunca dar ouvido aos conselhos que eu tanto dou para os outros,nunca olhar para fora e enxergar a verdade que é fato,não a que eu crio.Eu deveria falar menos,observar mais e saber certas diferenças,como o que é bom para mim,e o que só convém aos outros.Dentre outras coisas,deveria ser mais compreensiva,mais decidida.
Hoje acordei e as coisas continuam no mesmo lugar.Com a diferença que eu já não sinto mais raiva,não sinto nada!Acordei ansiosa e com vontade de resolver logo tudo que precisa ser pingado.Não contei para ninguém,mas daqui quatro dias estarei dando mais um passo na minha vida,mesmo que sozinha,me sinto feliz por estar tomando mais essa decisão...Quem diria que em exato um ano eu mudaria radicalmente meu curso na faculdade?E mais,quem diria que eu largaria meu sonho laranja pelo verde água?

Quatro dias,dois dias,seis dias,duas vezes.Nunca gostei tanto de contas,nunca fui de esperar e ter estratégias a longo prazo.Dessa vez,o tempo tem que estar a meu favor e ver o quanto estou me esforçando.Quero todas aquelas respostas,vitórias.Como se fossem pra ontem...

17 de outubro de 2010

Vasos e Jeans

Fez as malas e desocupou o apartamento pequeno onde morava.Deu alguns vasos para os vizinhos,e o único abajur para Dona Cássia do 520.Chorou muito ao se despedir de todos e partiu num carro alugado.Andaria durante 3hrs seguidas rumo a lugar nenhum para colocar a cabeça em ordem,mesmo sabendo que jamais conseguiria.
O deslocar da cabeça tinha nome e idade.Deveria ter um coração,mas usava calças jeans e tinha sido registrado com o sexo masculino na certidão de nascimento.Roberto,26 anos, seu namorado,seu amor.
Foi ouvindo músicas melosas o caminho todo,desligou o celular e só parou para comer alguma coisinha numa padaria dessas de estrada.Sentia seu coração apertado,estava com raiva e poderia fazer uma lista enorme de insultos e mandar imediatamente para ele se quisesse,mas preferiu comer e chorar o que ainda restava de amor.Talvez acabasse,tudo fosse embora ao assoar o nariz,ou secar a última lágrima,mas essa não vinha de jeito nenhum.
Voltou para o carro e já ia saindo,quando lembrou de fato o que havia acontecido.Trocara sua vida à dois para fugir e talvez chorar em qualquer outro canto sem nenhuma pessoa familiar para lhe consolar.Lembrou dos últimos acontecimentos,e se deu conta que estava sendo infantil e mesquinha,não merecia a vida que tinha se dirigisse por exatas 3hrs para lugar nenhum.
Ligou o celular.Várias chamadas perdidas e uma mensagem que teria evitado essa maluquice se não fosse tão teimosa.

"Só queria fazer uma surpresa e enfim comprar nossa aliança.Nunca fui bom em surpresas,mas achei que fazer você sentir saudades de mim ajudaria bastante.Não quero que você vá,nem que deixe de me amar...Espero que não tenha ido muito longe."

Foi então que conseguiu definir seus sentimentos:saudades e perda.
Dobrou a esquina com o carro alugado.Avistou Roberto sentado na escada do prédio e então teve certeza:Roberto não era nada parecido com ela.Talvez ele esquecesse de ligar de novo,ele é homem.Mas nada daquilo importava mais.Dali em diante,teria aquele jeans masculino todas as noites em seu apartamento.Com sorte,poderia até ter seus vasos de volta...

16 de outubro de 2010

Outras coisas

Um mix de sentimentos.Agora entendia o que Max sentiu quando recebeu aquele livro contando sua história,seu íntimo.Talvez não fosse para tanto,mas a gravidade das coisas acabam sendo aumentadas quando os olhos estão voltados para dentro,vendo apenas o que querem.
Eu quero fugir de todos os rótulos,todas as coisas que eu não gosto sem entrar em contradição e acabar fazendo o mesmo mais tarde.Queria poder sair voando por ai e sentir na pele arrepio de verdade,vento,chuva pesada.
Fechei os olhos,e te encontrei sentindo saudades de mim,te neguei enquanto pude e continuei meu caminho sorrindo e dando risada alta e descontrolada.Senti uma enorme raiva por você não estar comigo dividindo mais um daqueles momentos incríveis.(Jurei te levar lá um dia desses)...
No bar,nós conversamos e meu pensamento voou longe,não mais porque o assunto estava interessante e a companhia muito agradável.
Não sabia que idade tinha,se teria idade,e se um dia largaria todas minhas manias e biquinhos.Não sei se um dia conseguiria olhar para frente e não sentir passos junto aos meus.Logo eu,tão independente...Senti seus olhos me olharem de longe,me dizendo que as coisas ficariam boas.
Escrevi mais uma história,terminei minha bebida e fui embora.Ainda não sei explicar,talvez seja medo,ou talvez eu nunca descubra o que é.Sei que não me senti livre,como deveria estar.

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'Se o ama,deixe-o livre'

*Início: 11 de julho de 2010. Fim: Nunca, se depender de mim.

Eu não sei ao certo como começar. Eu poderia descrevê-lo de diversas maneiras, desde seu físico até sua personalidade: ele era alguns centímetros mais alto do que eu, olhos azuis, blá blá blá, um menino interessante, inteligente, divertido, educado e doce, como costumava dizer a ele. Eu poderia prolongar todos estes adjetivos,da mesma forma que me esforçava ao máximo para prolongar cada minuto que conversávamos, mas talvez isso não seja realmente necessário. O mais engraçado é que, embora eu não o conhecesse a princípio, eu adorava passar algumas poucas horas da noite conversando com ele. E tal conversa não era pessoalmente, nem tampouco por telefone: era por MSN, uma forma um tanto quanto incomum de tentar conhecer
alguém. Mas eu adorava. Talvez ainda adore. Confesso que de início tudo era um pouco estranho; talvez ele ache isso também. O que eu deveria dizer, perguntar? Como deveria abordá-lo? Deveria falar todos os dias? Eu simplesmente não sabia, mas eu não podia deixar de dizer pelo menos um “oi” ao encontrá-lo online toda noite. Lentamente isso foi fazendo parte da minha rotina.
De x a x horário: estudar; de y a y horário: fazer tal coisa; a partir das 21:30: falar com ele. E eu realmente gostava, mesmo quando não tinha nada a dizer. Acho que foi desta forma que pegamos um pouco de intimidade. Mas as nossas férias acabaram e ambos voltamos a estudar. Às vezes tinha sorte de encontrá-lo online quando chegava à noite, às vezes não. Mas eu tinha os finais de semana, quase sempre. Trocamos telefone, mas até o exato momento em que expresso tais palavras, ele nunca me ligou e nem eu o liguei. Logo depois ele me disse que não gostava muito te telefones; eu também não tinha muita paciência para isso, mas adoraria receber um telefonema dele algum dia. E assim nos mantemos, com a ajuda do MSN. Após dois meses e meio conseguimos nos encontrar (ele arrumou um tempinho
na verdade). Passei todo o dia anterior me perguntando como eu deveria agir, falar, me portar... Decidi pelo óbvio: eu seria espontânea. Não tenho certeza se pra ele foi tão bom quanto foi pra mim. Talvez eu tenha errado em algumas coisas, mas o que posso fazer? Eu estava sendo eu mesma. Tive medo de que não conversássemos mais depois deste dia. Não queria que tudo “acabasse em pizza”.
Felizmente ainda conversamos, mas não sei dizer se esse fato significa “no pizzas”. Não sei por que comecei conjugando o verbo "ser" no passado: “Ele era alguns centímetros mais alto do que eu (...), divertido, educado e doce”. Ele não era; ele ainda é. E apesar de já ter passado duas semanas após o nosso encontro, ainda sinto medo de que tudo acabe de repente. Sinceramente, sinto isso o tempo todo.
É realmente muito provável que ele signifique algo muito maior pra mim do que eu pra ele. Às vezes acho que gosto de verdade da pessoa dele. Gosto, sim. No próximo sábado ele irá viajar (viagens de formatura); fiquei um pouco triste em saber que ele vai estar tão distante (muito mais do que a distância que nos separa) e isso mostra que talvez eu sinta a falta dele. Mas eu devo me acostumar desde
já. Essa semana será a semana da provação. Ele pode não voltar exatamente pra mim... Pra agora, o que eu quero é poder desejar pessoalmente uma boa viagem. Talvez assim ele perceba que haverá alguém esperando por ele aqui.

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Escrito por Fernanda.
Delicadamente copiado e colado por mim,com a autorização dela!

14 de outubro de 2010

Walking with a ghost

"You'll see me, will feel me"


Tocava esse som a última vez que eu o senti perto de mim.
Essa tarde,fez muito frio em casa,e então eu decidi descer para tomar um sol na varanda.A tarde estava cinza,com tons de azul.Como os olhos dele...
Deitei tristemente na espreguiçadeira e chorei relembrando os momentos.Tudo que eu fazia,ouvia e via,me lembrava ele,até nas coisas mais banais,como olhar as árvores sacudindo de um lado para o outro.
Estava deprimidamente animada quando ele apareceu,foi um dos meus melhores dias!
Casaco amarrado na cintura,jeans desbotados,cabelos bagunçados e com aspecto meio sujo.Marcos era bonito de se admirar.Tinha ginga no andar,falava como um inglês revoltado,tinha cheiro de pão fresco.
Chegou mais perto,conversou comigo,me deu conselhos e disse que o protetor solar que eu usava estava vencido,iria me queimar de qualquer jeito!Ri com ele,e prometi trocar meu protetor solar se ele aparecesse na mesma hora no dia seguinte.
Ele apareceu.
Prometeu vir todos os dias,e veio,ele sabia que eu precisava de sua companhia.
Os segundos,meses iam passando,e Marcos se tornava cada vez mais meu amuleto,minha droga.Estava viciada pelos olhos cinza-azulados que ele tinha.O problema,era que o inverno estava chegando de vez,e ele já não gostava tanto assim dos meus olhos amendoados...
Na manhã seguinte,no mesmo lugar,como o prometido.
Fiquei esperando que ele aparecesse mesmo depois de duas horas de atraso.O vento estava forte,mas as árvores não saiam do lugar,era curioso.Já me levantava para ir embora,quando uma mão me puxou para baixo e me obrigou a sentar de novo.Marcos sussurrou em meus ouvidos:
Já não te quero mais!E nem poderia,pois estou sumindo de vez.Você deveria fazer o mesmo...

O vento então balançou meus cabelos,e fez as lágrimas caírem rápido,frias.
Nunca mais fui a mesma...
O vento bate a porta,e ainda consegue me enganar.Não sei se mereço,não sei se posso.Queria poder sentir Marcos de novo.

11 de outubro de 2010

Aniversário

7 de Outubro de 2007,meu aniversário!Um dia em que todos param segundinhos para virem me abraçar, lembram de coisas que já fizemos juntos, sentem orgulho de mim e me dão coisas que nunca vou usar,e que supostamente irei deixar no armário especial de aniversário.Evito ao máximo que as pessoas visitem meu apartamento,para não conhecerem minhas intimidades,esse tal armário.
Oi,me chamo Cristina e esse ano eu resolvi fazer algo completamente diferente de todos os outros 26 aniversários que tive.E acreditem,foi um aniversário e tanto...

Felizmente, há 27 anos, minha mãe estava tendo um prazer enorme em descobrir que estava grávida de sua primeira menina, eu. Mamãe planejou meu nascimento exatamente para que eu nascesse em Outubro, especificamente até o dia 22, para ser Libriana. Nunca me senti como alguém de libra. Não sou meiga, não sou generosa, não me preocupo com os outros, e relacionamentos... Não gosto nem de pensar. Queria poder inventar algum signo, um mix de vários que conheço. Iria me sentir melhor...
Nesse ano, completo 27 anos de uma vida bem sucedida e cercada de pessoas que realmente me amam e que me idolatram pela pessoa que eu sou, ou pela qual eu deveria ser. Pessoas que fazem questão de contarem os segundos para que dia 7 de Outubro chegue logo para que a festa comece!Sinto-me bem por todos se importarem comigo, mas isso tudo já não faz mais sentido. Sinto-me velha, e a vida que deveria acabar aos 35, está me deixando no chinelo, marcando meu rosto e joelhos.
Pois bem!Esse ano seria tudo diferente. Um pouco planejado, mas seria do meu jeito.
Sai do escritório por volta do meio dia e não dei explicação a ninguém. Não fui para o restaurante de costume, e deixei no ar alguma coisa como "Volto mais tarde".
Fui até a Alameda Antunes e comprei dois pares de sapatos, uma lingerie e um vestido azul marinho que marcasse bem a minha silhueta.
Voltei para casa, acendi algumas velas, preparei um prato convencional, tomei algum licor e esperei que o presente chegasse. Ele chegou adiantado...
Carlos era mais novo que eu alguns anos. Tinha corpo de menininho e era isso que o tornava especial para mim naquela tarde.
Entrou sem bater e sem fazer cerimônia e já foi logo fazendo o que tinha que fazer. Sentia-me renovada com ele por perto, mesmo com todo o bolo de pessoas me querendo lá fora.
Terminamos logo o combinado e ele foi embora me deixando um perfume, e uma marca no ombro esquerdo...
A noite então começava!
Desliguei a luz e o telefone. Fiquei nua e sentei no balcão da janela e fiquei olhando a chuva cair lentamente e resfriar minha pele enquanto eu colocava os sentimentos no lugar. Estava em mais uma de minhas crises, e ninguém estava por perto para me ajudar, nunca deixei. A Cris que todos conheciam jamais se deixaria abalar por um sexo rápido e um ano a mais de idade.
Eu sentia falta de coisas que nunca tinha vivenciado. Planejava viagens que jamais faria, e idolatrava pessoas que eu odiava com todas as forças. Eu gostava de viver suas vidas, de ser personagens diversos todas as noites depois do trabalho. Não usava perucas e nenhum outro acessório, só de olhar no espelho eu já sabia quem eu queria ser. Era qualquer um, menos eu mesma...
Essa noite chorei todas as mágoas de todos os personagens que já tinha sido. Senti remorso de todas as comidas, e de todas as loucuras que já tinha feito em nome de um fetiche. Resolvi deixar tudo ir embora, com a chuva. Joguei fora todos que eu era e prometi me assumir dalí,começar aos 27 sem culpa nenhuma.
Levantei com calma, e resolvi dar uma chance a todos àqueles embrulhos que estavam empilhados no armário especial de aniversário. Um embrulhinho azul, com fita roxa caiu no meu pé junto com um bilhetinho. Abri, era uma caixinha de música com uma foto de uma mulher bonita e jovem dos anos 50, dada pela mamãe no carnaval do ano anterior. Lembro que ela me disse para abrir quando eu estivesse à vontade e feliz,disse para que eu mantivesse a calma quando lesse o tal bilhete.

"Feliz Aniversário Princesa!Espero que não seja tarde para novas surpresas,para um novo aniversário."


Foi então que eu cai em mim. Nada do que eu vivera até agora tinha sido real, por isso nada fazia sentido. Tinha matado tudo em vão...

8 de outubro de 2010

Intimidades

Hoje ele me veio como lembrança,como arrepio.Tocou-me como sempre tocava,mas com as mãos mornas,não frias como de costume.Sua pele estava quente e sem cheiro...Me fez revirar para o outro lado e repensar na vida.Em todos os acontecimentos,mas principalmente em nós,no mais intimo possível.
É engraçado lembrar da primeira vez que nos tocamos inocentemente,eu com todo o meu bagageiro,você com um "quase ex namoro" que não deu em nada,só muito nojo.Lembro de como as coisas foram esquentando,e de como ser adolescentes já não combinava mais a nós dois.
A primeira vez aconteceu,e isso é um mistério até hoje para nós,você lembra?Até hoje me confundo com todas as 1º vezes,com os acertos,as viradas,e tudo que já nos aconteceu.
Enfim,pensei em tudo isso,porque hoje,sei o que é ter desejos por um homem,pele,perfume.Sei o que é sentir prazer,se entregar e ouvir músicas,que na infância eram estranhas e sem sentido,como "Todo O Amor Que Houver Nessa Vida" e "Do Me Good".Aprendi o que é sensualidade,clima,e o principal,sentimento por alguém!
É curioso meu bem,já somos quase adultos feitos.Que mais ainda vamos aprender?

6 de outubro de 2010

Conto da Madrugada.

Duas horas da manhã e eu só consigo fechar os olhos para piscar,e ainda assim,realizo mal esta tarefa.
Perdi o sono,a paciência e a clareza das coisas.Não quero mais saber o que é certo ou errado,quero uma vida agitada e com conteúdo,sem sobras.Quero estar em festas e reacender aquele velho costume de me aventurar e ficar bem depois.Sinto falta das coisas que passaram e dos gostos e rostos que estão se apagando pouco a pouco.
Não sei se sou eu,ou se eu nunca fui assim.Sinto-me doente e fora do contexto em diversas realidades.Não sei se estou acordada ou anestisiada,não sei o que quero e por onde devo ir.
Gostaria muito de culpar alguém e conseguir chorar essa noite para ter alguma marca pela manhã.
Talvez eu esteja tomada pela raiva,ou pela culpa de não ter coragem para ser quem eu queria.
Queria poder pular daqui,queria voltar no tempo e reviver algumas coisas,algumas conversas.
Por hoje,queria ter sono.

4 de outubro de 2010

O Vendedor de Livros

Já era tarde,chovia muito quando a campanhia tocou e eu o vi pela segunda vez.Ele estava bonito,com barba por fazer e um cheiro ruim de dia todo.Convidei-o para entrar,ele aceitou.
Foi abrindo a pasta e me mostrando catálogos e preços,livros e coleções inteiras.Eu,só conseguia prestar a tenção nos lábios vermelhos e cansados que se mexiam sem parar,meio desconexos,mas deliciosos.Lábios de vendedor.
Olhei para ele,e aquela mulher cheia de pudores se despiu na sua frente.Ele ficou sem reação,tossiu e continuou me apresentando suas coleções...Não ouvia uma só palavra que ele me dizia.Não queria seus livros,nem nada material que ele pudesse me oferecer.Queria seu corpo,suas vontades e desejos,se os tivesse.
Deitamos no tapete fofo,presente de um amigo querido.Fizemos amor a noite toda,até cansarmos e ficarmos satisfeitos.
Estava completa,e me sentindo horrível.Acabara de dormir com um vendedor de livros,alguém que eu só havia visto por duas vezes,em ocasiões diferentes e inesperadas.Parecíamos amigos de longa data que por ironia,dividiam o mesmo chão e alguns conflitos.Ficamos de frente um para o outro,e acabei lhe contando muitas coisas e ele riu dos meus problemas com calma e suavidade.
Levantamos,tomamos algum café e ele disse que precisava ir embora,fazer alguma outra visita.Acho que senti uma espécie de ciúmes dele,não sei.Almejei que ele ficasse e me colocasse no colo,me ouvisse chorar e lavasse a louça depois...
Ele se foi.
Não me desejou boa sorte,não disse que voltaria,nem disse que estava tudo bem.Não me beijou,apenas foi embora e me deixou esse conto e seu cheiro,misturado ao meu,no tapete da sala.