8 de junho de 2010

Espelho

Já não havia luz alguma.
Ela enxergava claramente seus traços num pedaço de vidro laminado.O que via,era seu eu em perfeitas condições,em momentos.
Se um traço lhe borrava a face,logo o espelho era o culpado.Não haviam imperfeições em seu rosto,pelo menos o rosto que ela via.
Não redondo.
Não quadrado.
Não bonito,não feio.
Um rosto variante que se enquadrava em diversas situações.
Um camaleão.
Um rosto e um espelho.
Não o corpo,porque o espelho era pequeno e não cabia,mesmo que ela estivesse menor.
Um rosto que exagerava de dentro pra fora.Que mostrava mais do que poderia.
Um rosto mentira!
Um rosto que mostrava um nariz empinado e algumas curvas de perfeição.
Os olhos eram dela,e então ela via o que queria.Via seu rosto sem manchas e sem derrotas.Via seu passado se transformar na vitória presente.Via um todos onde nem havia um.
Enxergava com olhos de uma estrela decadente,sedenta pela fama que a idade proporcionava.
Tanto faz quem a vê.Quem a enxerga com olhos de verdade.Quem a quer com olhos de mentira.
O espelho existia.
Era visto o que queria nele.Quem sabe até,servia como de caixa de desejos.
Reflexos.
Verdadeiros ou não.O que você enxerga ou não.
É vidro como você,um dia quebra!

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