4 de outubro de 2010

O Vendedor de Livros

Já era tarde,chovia muito quando a campanhia tocou e eu o vi pela segunda vez.Ele estava bonito,com barba por fazer e um cheiro ruim de dia todo.Convidei-o para entrar,ele aceitou.
Foi abrindo a pasta e me mostrando catálogos e preços,livros e coleções inteiras.Eu,só conseguia prestar a tenção nos lábios vermelhos e cansados que se mexiam sem parar,meio desconexos,mas deliciosos.Lábios de vendedor.
Olhei para ele,e aquela mulher cheia de pudores se despiu na sua frente.Ele ficou sem reação,tossiu e continuou me apresentando suas coleções...Não ouvia uma só palavra que ele me dizia.Não queria seus livros,nem nada material que ele pudesse me oferecer.Queria seu corpo,suas vontades e desejos,se os tivesse.
Deitamos no tapete fofo,presente de um amigo querido.Fizemos amor a noite toda,até cansarmos e ficarmos satisfeitos.
Estava completa,e me sentindo horrível.Acabara de dormir com um vendedor de livros,alguém que eu só havia visto por duas vezes,em ocasiões diferentes e inesperadas.Parecíamos amigos de longa data que por ironia,dividiam o mesmo chão e alguns conflitos.Ficamos de frente um para o outro,e acabei lhe contando muitas coisas e ele riu dos meus problemas com calma e suavidade.
Levantamos,tomamos algum café e ele disse que precisava ir embora,fazer alguma outra visita.Acho que senti uma espécie de ciúmes dele,não sei.Almejei que ele ficasse e me colocasse no colo,me ouvisse chorar e lavasse a louça depois...
Ele se foi.
Não me desejou boa sorte,não disse que voltaria,nem disse que estava tudo bem.Não me beijou,apenas foi embora e me deixou esse conto e seu cheiro,misturado ao meu,no tapete da sala.

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