Levantou.
Fez questão de tirar o vestido preto do guarda roupa e usá-lo.Já não era mais a menina que se vestia,e a mulher que existia nela queria que todos percebessem isso.O vestido tinha um belo decote,e se ajeitava perfeitamente aos seus seios pequenos.Com o vestido,um lindo cinto para acentuar ainda mais sua cintura,e um salto alto,bem alto preto para terminar de matar.
A maquiagem estava como de costume.A única coisa diferente,era um vermelho tomate que ela colocara nos lábios para chamar a atenção,para ser vista.
Seu perfume era uma mistura de flores silvestres intrigante.Dava para senti-lo ao longe,e ela gostava disso.
Foi difícil ver onde ela carregava suas coisas intimas.Aquelas que normalmente iriam numa bolsa grande e espaçosa,estavam numa bolsa de mão preta,fina!
Que criatura mais adorável!Era de se admirar a menira como andava,como falava,como ria e como encantava a todos a sua volta com um olhar,um jeito simples,mas de se encantar.
Tinha certa autoridade nas coisas que fazia,e era isso que a ajudava nas coisas,mesmo nas pequenas do dia-a-dia.
Normalmente quando chegava em casa ouvia alguma música,em especial o blues,bem baixinho.Dançava às vezes como se estivesse em Paris com alguém especial.Alguém sem rosto,mas que se encaixava perfeitamente com aquela paisagem.
Hoje a noite,as coisas estavam um pouco mudadas naquele apartamento.Ela chegou,claro com aquela confiança que era de se admirar.Mas não ouviu música alguma...
Continuava com o visual impecável,e com ele permaneceu até o ultimo gole.
Explico!
Naquela noite,seu brilho havia se apagado por lembranças que ela tinha.Lembranças que pareciam muito confusas e que nem ela sabia ao certo se realmente haviam acontecido ou não.
Pegou uma taça,sua bebida favorita de textura fina e cor esverdeada,e sentou diante de algumas caixas de fotos.Fotos antigas que traziam muita história e esperança a seu coração.
Eram fotos de momentos vividos com várias pessoas.Fotos dela sozinha com certa idade.Fotos de velhos companheiros e fotos de algumas pessoas que ainda eram queridas,mesmo com o armagor que o tempo causou.
Acho que bebeu tanto que começou a viajar no tempo...De repente ainda era a mesma menina que fazia planos e viajava pelo mundo com medo de que as pessoas a esquecessem.Era a mesma que viveu amores perecíveis e fez planos absurdos com eles.Era a mesma...Era a mesma menina que agora tinha seus 30 e poucos anos de idade,um mundo a seus pés,e uma caixa de fotos junto com um coração e uma cabeça que não esqueciam das coisas.
Por fora,ela não chorou!Lembrou de algumas coisas e continuou a beber sua favorita.
Por dentro não importava!Era uma imagem que valia mais.Mas tanto faz o que acontecia...Ela sabia que se pudesse,esqueceria ou inventaria tudo aquilo que ela achava ter acontecido.Simplesmente faria!E quem sabe não acabaria a noite com o vestido jogado pelos cantos do quarto,uma garrafa de vinho semi-acabada e alguém para lhe contar no ouvido o que aconteceu,de verdade.
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