28 de novembro de 2010

As dores do mundo

Quando eu era pequena,achava natural pensar que médicos nunca adoeciam,que meus avós já nasceram velhinhos,e que a passarela,aquela de pedestres também servia para modelos desfilarem.Eu sempre olhava pela janela do carro esperando vê-las lindas para lá e para cá.
Achava também que depois de "Toy Story",a Cláudia,a Cris,e a Susi tinham vida própria e que eu deveria tratá-las melhor se não quisesse que elas fossem embora.
Eu sempre tive muita curiosidade por meninos,e lembro do meu primeiro "selinho" debaixo de uma bananeira...Nunca vou me esquecer de como eu pegava as coisas rápido,e que embora fosse criança e inocente,eu sempre tive certa malícia,certa esperteza.
Hoje em dia,nos poucos momentos que eu paro e me olho no espelho,me vejo com aquela mesma carinha de menina que achava que suas bonecas tinham vida,e que aprendeu a ver hora sozinha enquanto mexia escondido nas coisas da mãe.
Tudo mudou,e algumas coisas perderam a total graça.A seriedade nos assuntos,nos atos,tudo parece ter perdido aquela cor e cheiro que tinha de quando eu era menina,de quando as coisas não tinham a dimensão que tem hoje.
Estou escrevendo hoje com medo,com angustia.Sinto vontade de chorar,mas parece que estou dura por dentro,me sinto mal.
Nunca estive numa guerra.Lembro que sofri junto com Lisel quando ela perdeu papai,Rudy e os outros.Me sinto mal por ter ouvido tudo que ouvi sem poder fazer nada.Fico desesperada só de me colocar no lugar das pessoas que estão no meio da matança lá no Rio.Penso que tudo seria mais fácil se o olhar e as palavras ainda fossem infantis.Se as balas fossem doces,os gritos risos altos e o vermelho pirulito de chiclete,que pinta a boca...

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