7 de setembro de 2012

Persona

Estou cansada e sem o ânimo necessário para continuar com certas coisas, manter certas máscaras. Fui até o "quintal", sentei e chorei como se não houvesse mais ninguém ali, além de alguns insetos que desfrutavam de meu corpo, e de minha agonizante companhia. Num desejo desesperado, quis que o mundo acabasse naquele momento, pois não aguentaria outro soco semanal, mais uma sessão de choro descontrolado e sem fim. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas o mais surpreendente, é que cada vez mais eu não sei o que fazer, como reagir e não ser tão assim, uma outra pessoa que por deus, eu não gosto de ser. Lembrei com carinho das minhas curvas, do meu cabelo grande que caia sobre meus ombros e das voltas que ele, rebelde fazia. Lembrei de uma época sem cobranças minhas, ou dos outros, de como tudo havia mudado bruscamente e senti nojo de mim mesma. Estava ali, sentada num estado de autoflagelo tão imenso, que só via o que eu mais abominava em toda a face da terra. Devo ter ficado mais de duas horas sentada ali sem reagir. Quando enfim consegui erguer a cabeça e respirar sem o nariz estar congestionado, já havia anoitecido e eu precisava ir para a aula de fotografia... Sai cordialmente pelos fundos, fui até o banheiro, lavei o rosto e usei um pouco de maquiagem para disfarçar as imperfeições daquela tarde. Queria mesmo era que todos soubessem o que se passava comigo, queria colo e talvez algumas palavras sem fundamento, mas de carinho. Olhei fundo na bolsa, e encontrei algumas personas lá no fundo. Peguei a melhor delas e fui até o estúdio. Anestesiei-me de mim mesma e ainda hoje, aceito a sombra do que não quero ser.

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